domingo, junho 04, 2006

Felis Catus

Olá

A minha grande simpatia por gatos é coisa que, penso, nasceu comigo. Sempre achei o gato um animal de grande inteligência, com enorme personalidade e capaz de grande carinho para os que lhe são queridos, sejam eles outros gatos, cães, pessoas e até mesmo pássaros ou pequenos roedores. Li, há tempos, não me recordo onde, que para os cães, os donos fazem parte da sua vida; para os gatos os donos são a sua vida. Plenamente de acordo. E se eu gosto de gatos acho que eles também gostam de mim. Sem grande esforço da minha parte vão-se aproximando e em pouco tempo ficamos amigos. Neste momento, além da minha gata siamesa, de nome “Lili”, mas que, carinhosamente, tratamos por “Menina”, e do “Rapazito”, um lindo e estouvado gato branco, tenho ainda no meu jardim mais uns tantos que se aproximaram e por aqui ficaram. O “Preto” (que por acaso já não vejo há uns dias e temo que algo de mal lhe tenha acontecido), o “Lingrinhas”, um lindo e doce tigrado amarelo (que afinal descobri vive na casa em frente mas adora vir passar bons bocados aqui deste lado – cujo verdadeiro nome é “Dino”), a “Cinzenta”, uma bonita gata tigrada e os seus cinco amorosos filhotes. Misteriosamente desapareceram quarta-feira passada, voltando ontem, sábado, a aparecer cheios de fome. Infelizmente só voltaram quatro filhotes.
É um bocado problemático alimentar tanto gato. Mas espero que bons amigos (de gatos, claro) queiram adoptar alguns.
O meu marido, no blogue dele,
dispersamente, já fala largamente de gatos. É que também ele tem paixão por estes animais, ainda que mais recente que a minha. Fui eu que lhe ensinei a gostar de gatos, ou talvez e melhor ainda, foram os meus gatos que ensinaram a conhecê-los, a respeitá-los e a gostar deles. Hoje partilha comigo esta paixão, paixão que me deu a ideia de começar a escrever qualquer coisa acerca do tema. E que tema vastíssimo, creio.
Como todos sabemos o gato doméstico (felis catus) é um mamífero carnívoro da família dos felídeos e descendente do gato selvagem africano (felis libyca) e do gato selvagem da Ásia (felis silvestris).
Por agora e para acabar por hoje (ou corro o risco de me tornar aborrecida) só gostava de referir a obra de Fialho de Almeida (escritor português – 1857-1911 – que com Eça de Queiroz introduziu o impressionismo em Portugal) com o título “Os Gatos”. Esta obra é uma reunião de crónicas publicadas na imprensa de 1889 a 1894. Fialho de Almeida justifica o título da obra escrevendo no início da publicação: “Deus fez o homem à sua imagem e semelhança e fez o crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao gato, a graça ondulosa e o assopro, o ronrom e a garra, a língua espinhosa e a câlinerie. Fê-lo nervoso e ágil, reflectido e preguiçoso, artista até ao requinte, sarcasta até à tortura, e para os amigos bom rapaz, desconfiado para os indiferentes e terrível com agressores e adversários.”.
Até para a semana. Prometo continuar.


O “Giló”, gato lindo, que foi nosso amigo e companheiro durante 17 anos. Morreu um mês depois da morte do seu outro grande amigo, o nosso cão “Tuiki”.
Era encantadora a amizade que sempre uniu aqueles dois animais. Dormiam juntos, comiam juntos (o cão adorava a comida do gato, o gato adorava a comida do cão), brincavam juntos. Foram envelhecendo juntos e praticamente morreram juntos. O “Tuiki” morreu no dia 1 de Novembro de 2000. Um mês depois o “Giló” que não voltara a comer nada, por muitas tentativas que eu fizesse, desapareceu de casa e nunca mais voltou. Penso que para morrer longe o que não é raro nos gatos. Chorei a morte destes dois amigos. O “Tuiki” continua no meu jardim – agora uma linda palmeira.

O “Tuiki” com um ano e o “Giló” com um mês deitados com o meu filho.

2 comentários:

Teresa Martinho Marques disse...

Encantador, este espaço.
Temos tanto em comum convosco, tanto.
É bom encontrar vozes doces a zelar por aqueles que são sempre deixados para último: os animais.
Na nossa casa respira-se o mesmo amor que vocês respiram por aí.
Bem hajam!

aavozaida disse...

A Zaida ainda anda a dar os primeiros passos nestas coisas da internet. Sempre disse que não se meteria nesta área, que não trocaria os processos tradicionais de escrever e comunicar pela internet, mas, aos poucos, está-se a render à evidência dos factos.
Já concordou que o Word até é uma boa ferramenta para se escrever...
É um passo a que outros se vão seguir, concerteza.
Já me garantiu que vai, ela própria, colocar uma nota de agradecimento por esta gentileza, no seu blog.
Para já aqui fica este registo.
Muito obrigados pela sua simpatia.
P´la Zaida